Setembro
Setembro
tem encantos de luar E tem mais movimento e mais calor Setembro tem até para me dar Um dia, em que o céu muda
de côr
Setembro tem aromas de prazer Que dão outro perfume à minha idade E tem a côr dum lindo amanhecer Que
brilha, com maior intensidade
Setembro tem um verso bem amado Escrito p'lo fulgor dum só poema Não há nada
melhor que a voz do fado P'ra dar mais realidade a este tema
Setembro tem o mundo à sua frente E tem a felicidade
à sua espera Setembro tem um brilho diferente Setembro para mim é primavera
MARTA, Setembro de todos os anos*
Bola de neve
Fiz uma bola de neve Que sendo discreta e leve Não passou despercebida; Embora pouco formosa
Tornou-se mais valiosa Porque entrou na minha vida
Rolou pelo meu destino E do meu sonho menino Fez
um sonho mais real; Transformou-se por magia E para minha alegria Fez-se bola de cristal
O tempo foi avançando
E a bola lá foi rolando Com enorme precisão E quando a lei da mudança Me fez perder a esperança Fez-se
bola de sabão
Nesta passagem fugaz P'la vida, que só nos traz Sufocos de maré-cheia Peguei na bola neve
E com o ânimo leve Fiz um castelo de areia
Gravado por Nelson Duarte
*Fado Zé Negro*
Se te não vejo
Não
há gaivotas no céu da minha cidade Não há luar nas noites da minha dor Não há poemas no meu livro de saudade Se
te não vejo, a vida já não tem côr
Não há sorrisos no rosto da madrugada Não há segredos no brilho da primavera
Não há promessas numa jura apaixonada Se te não vejo, a minh´alma desespera
Não há flores no jardim do desalento
Não há fronteiras nas margens do meu país Não há aromas no peito do sentimento Se te não vejo, não consigo ser
feliz
Não há sequer uma nuvem de desejo No firmamento do teu rosto iluminado Tu não me dás a intensidade do
teu beijo Se te não vejo, sou alma triste dum fado
Gravado por Nelson Duarte
Suspiros na voz
Na
minha alma fadista / Verdadeira Ao serviço deste povo / Sem idade Há sempre um poema novo / De saudade Á procura
de conquista / Mensageira
Há também na minha alma / Incandescente Traços dum amor cansado / Redentor E a saudade
não se acalma / Fácilmente Se o meu verso é mais fado / E mais amor
Oiço soluços de dôr / Amargurada No vento
que sopra forte / E sem demora Talvez seja um grande amor / Desfeito em nada Suspirando a pouca sorte / Desta hora
Este fado feito prece / Que vos canto Põe-me suspiros na voz / Acontecida Quando a saudade acontece / Ao som
do pranto Há fado dento de nós / P'ra toda a vida
Gravado por Mariana Correia
Fado menor-versículo
Bendito amor
Bendita
seja a luz desta cegueira Que não me deixa ver-te tão distante Bendito seja o sol desta canseira Que faz desta
saudade uma constante
Bendita seja a dôr que me consome E dá voz ao meu verso magoado Bendita seja a graça
do teu nome Que dá novos motivos ao meu fado
Bendita seja a côr da solidão Que tenho, muito embora não a queira
Bendito seja o fogo da paixão Que arde, até á chama derradeira
Bendito sejas tu, porque te quero
Bendita
seja eu, porque me dou Meu fado, é um poema que venero Teu fado, é uma luz que me cegou
Gravado por Mariana Correia
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Procura-me num fado
No
dia em que tiveres saudades minhas Eleva o teu olhar até aos céus Verás no ondular das andorinhas Desenhos que não
fiz mas que são meus
Verás o meu olhar apaixonado No brilho duma estrela incandescente Verás também, um rosto
iluminado No choro duma nuvem diferente
Depois verás um sol entristecido Sofrendo a desventura duma hora E
mesmo num poema sem sentido Verás a solidão que me devora
O nome que darei ao teu amor Decerto rimará dôr
com pecado No dia em que a saudade for maior Procura a minha voz na voz dum fado
*
Agosto 2002 *
Amor poético
Na hora de
ser poeta Tenho a força do desejo Na essência do meu verso; E com a alma liberta Invento o sabor do beijo
E
sou poema disperso As palavras são meu guia E até o ar que respiro É na mente o meu clarão Assim que termina
o dia Sou então o que prefiro
Sou tempo d´inspiração Invento amor p´ra te dar E se canto para ti Sou
trovador inventado Fito em ti, o meu olhar E se teu rosto sorri Sou amor recompensado
Dou mais voz à minha
voz E dou-te versos nascidos Do meu amor sem idade Canto por nós e p'ra nós E os nossos cinco sentidos Fazem
nossa felicidade
Gravado por José Fernandes * Fado Pedro Rodrigues *
O meu leilão
Vou tentar fazer leilão Da minha saudade atroz Vou vender meu coração Que
me magoa na voz
Tenho sonhos doloridos Marcando a minha paixão Até dos próprios sentidos Vou tentar fazer
leilão
Não tenho força p´ra dar-me Ao sonho que vai veloz Agora vou separar-me Da minha saudade atroz
Não quero amor magoado P'ra não perder a razão Com o peito destroçado Vou vender meu coração
Eu
e a dôr que me consome Enfim, ficaremos sós Vou esquecer o teu nome Que me magoa na voz
Gravado por JOAQUIM MACEDO Musica de Manuel Reis
Bendito sonho
Deixa-me sonhar contigo / Minha flor Porque
te quero beijar / Secretamente Mesmo que seja castigo / Meu amor Contigo quero sonhar / Serenamente
Deixa-me
sentir o fogo / Penetrante Dos beijos que me darás / Durante o sono Mesmo que as regras do jogo / Alucinante Castiguem
minhas manhãs / Com abandono
Deixa-me sentir a dor / E o desespero De ficar muito mais triste / Ao acordar Se
nos sonhos tenho o amor / Que tanto quero Ainda bem que o sonho existe / P´ra te amar
Tal como diz o poeta / Trovador
Com a alma engrandecida / Pela fama O sonho na hora certa / Meu amor Dá encantamento á vida / De quem ama
Entregue a: Filomeno Silva
Esta maldita saudade
Calarei
o meu amor Calarei o meu desejo E sufocarei a dor De te não roubar um beijo
Calarei o pensamento Que
quer soltar a memória P´ra que nem o próprio vento Conheça tão linda história
Calarei a minha boca Que
teima em gritar teu nome Sempre que minh´alma louca Sente por ti, louca fome
Farei tudo o que puder P´la
tua felicidade Só não consigo conter Esta maldita saudade
Gravado
por *SANDRA CRISTINA*
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